Estátuas e cruzes
Estátuas e cruzes, silentes catedrais do fado,
que escutas o gemido e os clamores.
De quem vive e sofres condenado
á tristeza e as dores.
Pois lhe resta um só destino há trilhares,
a ti que vai solitário pela rua.
O destino de se lamentares
sob enegrecido céu, sem estrelas e sem lua.
Porque ficar-te igual morcego na penumbra escondido
se o dia o chama para ver-te a sua...
Manhã que veio para dar-te outro sentido,
a isto que deixaste a tua...
Alma desiludida, das paixões da vida,
sem sonhos e sem crenças.
Condenada a viver-te entristecida
e seguir-te nas asas da descrença.