Desanuviando-se

As coisas longificadas parecem chegar mais perto.
Talvez, talvez, constranja acolher palavras.
Simplifica-se o absurdo, justifica-se a mudez?
Como saber o passo a seguir
se não há gesto ou olhar à nudez do poema?
A alma encerra-se em palavras, mas a quem importa?
Um dia desejei flores no meu caminho,
de Cáucaso à Belém, pedi flores no meu caminho.
Hoje, desejo apenas desanuviar a névoa da mente,
olhar simples à sombra do pensamento,
deixá-lo ir, então descansar
e entregar-me ao silêncio,
a paz que só conquisto
na quietude de meu próprio corpo...

Foto e Poema