A beira do abismo

Rodeado, sozinho, infido

Papo sem nexo, voando raso sobre prédios prestes a cair

Dormindo de olhos abertos, acordando em sonhos dos outros

Olhos, mente, batimento cardíaco insaciável

Avermelhados, vidrados, abarrotados de medo

Lágrimas não se criavam mais nos rios secos de seus olhos

E farto demais para perceber, será?

As peças no tabuleiro?

Não construía mais seu quebra-cabeça

Seu jogo predileto?

E na mesa somente sucumbia e sucumbia

Copos de uísques vazios, quimbas amarelas

Cocaína, baseados, tempestuosos dias

Rastro de logro, esfumaçada cena

Cheiro de podre, fétido em ilusão

Rejeitar a vida? Por mais doses?

Aspirar, puxar, fumar, ceder, morrer

Ciclo vicioso, intempérie que finca no coração

Rotina sanguínaria, apinhado de drama, de suor involuntário

Sobre a cama os sentimentos floresciam e doíam

Depois de horas com espinhos na alma

Com pétalas que queimavam seu interior

O estado se modificava, amenizava

E tudo não mais prestava...

Acordava com remorso

Talvez nem dormira

Só precisava de fato se arrepender...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 06/06/2018
Código do texto: T6357207
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