Em branco e preto

No princípio...

era apenas o preto no branco,

não se via o arco-íris;

ninguém sabia das nuances,

e nem se alcançava o matiz;

um menino sem juízo,

pintou no mundo um sete,

e com a semente do moleque

brotou ali a travessura;

um pivete desocupado,

do lápis tomou o grafite,

e no muro, quase desabado,

contou como era seu mundo

com um desabafo profundo;

um anjo se fez de Miguel,

deu cores a uma capela,

devia haver mais que uma,

aquela chamava-se Sistina;

um Chico ainda insistia,

com um retrato em branco e preto,

natural como a resina,

que pinta árvores...

tanto no palácio quanto no gueto;

uma menina tão pálida,

tão fria e impassível,

num instante conheceu o fomento,

revelou que era possível...

do pudor, num relance o rubor;

até o puro Carlito,

na tela, em tom mudo,

sugeriu para a vida, antes incolor,

borrada de preto e branco...

ganhasse, para cada emoção, uma cor.

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 01/07/2018
Reeditado em 09/12/2018
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