POEMA SEM RUMO

Entre a luz que se esgueira,
a lua chega faceira,
e ilumina o céu escuro.
Nada há tão belo, juro,
pelo menos para mim,
pois logo corro apressada
pra sentar-me no jardim.

Quero olhar as estrelas,
me encanta poder vê-las,
a deslizarem caladas
como que enamoradas,
piscando, piscando
- brilhando
pelos espaços sem fim,
como se fosse Arlequim
a perseguir Colombina.

Pobre, pobre da menina,
que nada entende do assunto,
valerá, eu me pergunto,
esse amor desperdiçado,
pra quem anda desgarrado
a procurar companhia?

Ah, Senhor, deu tudo errado,
perdi o rumo, o prumo
do poema que escrevia.
Já não mais sei o que falo...
Fico quieta, então, me calo.

                .  .  .


 Paulo Miranda
Fico quieta, então me calo
quero entender tu momento
e tão-somente como falo
é que invado teu argumento...