Sobre deus, a morte e a vida fundidos no mesmo caixão
A morte é traiçoeira como uma tática de jogo de xadrez confessada à seu adversário.
Ela não tem nome, nem data de aniversário, mas nos pega em cada esquina como se fosse um poste de luz elétrica.
Por renegar a quem se diz maior que eu - mas, na verdade, não tem tamanho suficiente na métrica da existência -, eu sou exilada da festa de quem crê que não se pode viver de auto-suficiência.
Viver é um ato corajoso de persistência.
Morrer sem antes ter vivido é uma burrice muito cometida até mesmo pela mente mais brilhante.
Acordo atrasada, numa manhã nublada, escolhendo ir adiante.
Quando morrer, vou voltar para a caixa que muito se parece com meu quarto, ser julgada por tantos que não sabiam o que se passava dentro do meu inferno - o qual eu chamo de "mente" - e, quando o corpo começar a putrefar, ser taxada de boa pessoa com nome de indigente.