ANOS 60
No seio da família,
Entre a mobília,
Descansa a filha.
De tanto rock
E estrada,
Esgotada.
Mala desfeita
Num canto da pia,
Descansa a filha.
Na garganta whisky
Que nos bares não bebia.
Na radiola tangos,
Na emoção tantos.
No bolso amarrotado,
Papéis embrulhados
Em poesia,
Descansa a filha.
Na lembrança
Nomes inúmeros
De sua entrega sem tréguas
Sem réguas, sem rédeas.
Regrada apenas
Por uma melodia:
A do acaso.
Que no caminho
Colocou-lhe
Escravos,
Rebeldes,
Eslavos...