No passado

O sonho, tão distante, no passado

perdeu-se de nós dois que não lutamos,

sem forças contra um mundo desvairado;

e contra nós o tempo foi passando...

O tempo nos roubou as esperanças

e o acaso separou as nossas vidas...

O tempo fez amarga a despedida

apenas por capricho ou por vingança!

Levando o nosso sonho ao desalento

o tempo se nos mostra um vil tirano:

deixou morrer – em nós – o sentimento

e faz-nos revivê-lo ano após ano...

Aquele velho sonho ainda persiste

lutando dentro em mim contra o vazio

lançando ao coração um desafio

de não querer viver assim tão triste.

Aquele velho amor ainda persiste

porque resiste à dor do adeus mais frio;

porque só mesmo o amor nunca desiste...

Resiste ao próprio tempo em desvario!

Mas tudo que vivi ao lado teu

parece me trazer algum sentido

de não querer perder o que foi meu

mesmo depois de já ter desistido.

Roubou-me o tempo a vida em te esperar

até que tudo em mim, longe de ti,

nos meus próprios grilhões me fez pensar,

tentando me mostrar o que perdi...

Perdi parte de mim porque não vi

o tempo que passou sem me esperar;

o tempo que restou, longe de ti

e longe da ilusão de te encontrar...

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 27/10/2005
Código do texto: T64096