Não Escrevo Poesias
Não escrevo poesias, são elas que me escrevem.
Fico aqui parado, enquanto elas saem por aí...
De repente uma nova página termina,
Um grito começa, uma música me completa.
Fico desorientado
Neste círculo virtuoso,
De indecências e desatinos.
Vez por outra, sou “vira-casaca” e espeto uma prosa
Dessas que nem todos querem ouvir, alguns só querem mastigar.
E quando mastigam até a alma,
O corpo recua, o coração congela, mãos paralisam.
Enquanto os versos ficam nos olhos.
Fico aqui parado,
Neste intervalo de versos, prosa e ócio.
Degustando o agridoce da primavera, brotado da boca da tempestade
Me levando leve ou áspero
Onde as ondas começam, e o vento termina.
Onde só tem valor, o que não pode ser comprado.
Poetas são artérias enigmáticas, pulsando no coração do mundo.
Uns falam do amor, outros falam da dor.
Já aqueles que como eu, não são pedras, nem são poetas
Vagueiam entre as duas feras, já que as duas coexistem.
Ao perscrutar amores, dores e flores,
Alfineto velhos pudores,
Ausculto outros sons,
Reinvento novos sabores
E versos.
Revelo-me quase poeta
Sem nenhuma régua ou regra.