Noite...
 
Entra a noite pela janela,
sorrateira meu quarto cinzela
de vivo ébano canto a canto.
Mas denuncia-lhe a claridade
das sonâmbulas luzes da cidade
através da vidraça, no entanto...
 
Então a noite se deita ali na cama
com ares de homem que inflama;
toca mi’as rendas, meu baby doll,
declamando-me os versos da lua
em carícias pela superfície nua;
desenhando-me sombras e tatuagens;
soprando-me canções em Fá bemol...
 
Às vezes Dò ou Lá. Depende do vento
ou da linha de meu pensamento...
Porque tem também um canto mudo
debaixo das pálpebras pesadas
por onde passam lembranças aladas.
Ah! Com a noite sempre me iludo! ...
 
E como é tão serena essa agonia
de ser possuída pela fantasia
das trevas, dos sonhos em coma!...
E a lua ali, na janela, na moldura,
velando a noite e sua ternura
quando em seus braços me toma...
 
 
 



( A imagem em cliquei anteotem do quarto no escuro. KKKK  Gosto desses mistérios. O poema eu criei hoje.