Avesso
Ardia como em dores de parto.
Chamado do avesso.
O corpo se retorcia como soubesse o caminho.
Parecia ansiar a estrada.
Eu temia o nascer.
Pareciam rupturas.
E, talvez, fossem mesmo...
Talvez, fosse esse o pavor.
Rasgar o velho pra singrar o novo.
O pavor impedia os desígnios da força.
Parecia cabo de guerra:
sucumbir ou conter?
As dores eram mais intensas a cada segundo.
Via a hora chegar.
Talvez, ansiasse ser vencida.
Mas precisava consentir...
Aí, renovou-se a angústia.
Provocaria a morte de mais um rebento?
Talvez, eu não suportasse mais essa perda...
Talvez, tenha retornado à primeira morte.
Minha morte.
Talvez, eu nao pudesse mais morrer.
Era como se apenas uma face clamasse pela vida.
Era chegada sua vez.
O temor de que ela devastasse todas as outras, produzia a autodestruição.
Eu, devoradora de mim.
Já enxergo os próximos passos.
Criatura e criadora:
eu, nascedouro de mim!