Creio em Deus, criador do café

Senta, toma um café

Cheiro de chegada

Aqui? Minha morada

A borra do café secular

Meu colmilho no dorso preto da

rotina desabada ajudante sobre

a peregrinação inclemente

Tento filtrar a espécie colonizadora

Os mapas shakespearianos velados

na revisão do caos atualizado

O resíduo árabe na xícara, divinatório

Mas que roço a sobriedade da cogitação

Cilício agônico andara longe oculto

Todo trôpego zelo tirita tenaz tenso

O café apalpa-me, jato de água na cara

Passo a mão nas jaculatórias e penso

Um sinete de carinho desponta através da

zonza paisagem esguia à moda de tranco

Mas que tudo assombra e voz fugitiva

Balanço a cabeça: que não me reconheço

no vergel roído do tempo

Porém, o café nos liga

quando é passado no escaldante

despertar - tocaiado

André SS
Enviado por André SS em 20/11/2018
Código do texto: T6507665
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