Creio em Deus, criador do café
Senta, toma um café
Cheiro de chegada
Aqui? Minha morada
A borra do café secular
Meu colmilho no dorso preto da
rotina desabada ajudante sobre
a peregrinação inclemente
Tento filtrar a espécie colonizadora
Os mapas shakespearianos velados
na revisão do caos atualizado
O resíduo árabe na xícara, divinatório
Mas que roço a sobriedade da cogitação
Cilício agônico andara longe oculto
Todo trôpego zelo tirita tenaz tenso
O café apalpa-me, jato de água na cara
Passo a mão nas jaculatórias e penso
Um sinete de carinho desponta através da
zonza paisagem esguia à moda de tranco
Mas que tudo assombra e voz fugitiva
Balanço a cabeça: que não me reconheço
no vergel roído do tempo
Porém, o café nos liga
quando é passado no escaldante
despertar - tocaiado