ESMOLA NO FAROL

Trânsito no anda e para matinal

Vermelho novamente o sinal

Imagem vulgar e banal

Presentes sempre o mesmo casal

Párias da estrutura social

Repetem rotineiro ritual

Batem no vidro lateral

Com seu tatibitate habitual

Esmolam na avenida central

De relance percorro o visual

Ela tem uma tatuagem tribal

Ele com ancestrais no Senegal

Ardem de dia sob o sol tropical

Dormem nos degraus da Catedral

Ignorados nas notícias de jornal

Não aparecem em cartão postal

Tratados quais figura virtual

Ela portadora de doença mental

Imagina-se num grande musical

Ensaia passos de uma dança sensual

Ele tem modo instintivo e animal

Faz um trejeito e nada cordial

Exibe na cintura um punhal

Pronto a enfrentar qualquer rival

Aparentemente não fazem mal

Mas, não seria nada anormal

Estivessem na condicional

Enquadrados no Código Penal

Possuíssem ficha criminal

Porte de pacau, furto ocasional

Ou como é comum e natural

Vítimas de preconceito racial

Semáforo pinta verde afinal

Buzinas em barulho infernal

Estendo uma moeda trivial

Ela guarda no bolso do avental

Ele acena um gesto de tchau

Sai coçando o órgão genital

Cena apaga-se lenta e gradual

Até novo vermelho no sinal

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 24/11/2018
Código do texto: T6510527
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