Horas movediças

Sagradas horas nas quais estou imerso,

Perdoai se deixo-me ir a desvontade,

É que imensos vazios escuros me assomam,

E minha alma nem grita,

Nem geme, nem teme... Está morta.

Minha alma está morta,

Como um lago de lágrimas

Frias e esquecidas,

Sem os olhos que as verteram,

Sem os motivos que os fizeram chorar...

Rio das horas sulreais barrocas,

Guarda-me nos teus mais insondáveis porões,

Porque não desejo nenhum ânimo,

Nenhum sonho,

Nenhum palavra,

Nenhum beijo,

Ou promessa...

Horas esquecidas,

De quase infinito tempo,

Horas movediças,

Recebei-me,

Ou ignorai-me,

Que tudo é o mesmo mormaço...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 26/12/2018
Reeditado em 26/12/2018
Código do texto: T6535513
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