Horas líquidas

Nessas horas movediças

Que se alastram em meu ser a milhares de tempos

Vão se escorrendo certo líquido de tom indefinido,

Viscoso como sangue,

Mas volátil mas que tudo,

E, apesar de não saber dizer o que seja,

Em mim, já atingido, a cada átimo se ido,

Eis-me aqui mais esquecido, não do mundo,

Nem do afeto,ou do amor,

Mas de mim mesmo,

De mim mesmo

Que ando como a estrada que se desfaz,

A medida que é vencida

Pela erva, pelo lixo,

Pelo pó...

De mim mesmo eu tenho me perdido...

E, nem quero mais achar-me,

Não.

Não...

Essas horas movediças são líquidas...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 26/12/2018
Código do texto: T6535529
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