Quando casamento vira menos que pó

Casamento é Everest do mais bravio granito,

mas tem uma coisa que faz virar pena de galinha,

faz virar menos que pó.

Amor é couraça de Deus,

mas tem uma coisa que acaba com sua raça,

não deixando nem saudade pra contar história.

Uma caminhada a dois é estrondosamente duradoura,

mas tem uma coisa que dilacera até sua alma,

desmilinguindo cada gomo desse chão conjunto.

Brigas quanto mais ressoantes passam com o tempo,

ferimentos quanto mais imensos um dia viram cicatriz,

ventos contrários por mais certeiros podem mudar de rumo.

O que acaba com o casamento, com o amor, com a caminhada a dois

é uma mágoa, uma simples mágoa, uma fugaz e inocente mágoa.

Sua aparente face esconde um turbilhão de dores que fazem estrago danado, tão danado que farão ruir o que se dizia eterno.

Essa mágoa de jeito frágil, de andar meio trêmulo, de voz meio rouca,

tem no seu bojo o mais cruel arsenal desse mundo.

Depois dela, não adianta lamentar, teimar em recuar, teimar em fingir

que não passou de miragem.

Depois dela, tudo estará morto, velado e enterrado. Pra sempre.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 31/12/2018
Reeditado em 31/12/2018
Código do texto: T6539932
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