MEU TEMPO
Há tanto, deus meu, há quanto tanto tempo,
o meu tempo de sempre se fez meu presente
e, com ele, nasceu meu passado, o poeta alado
que, hoje, meu novo tempo, faz-se quieto, pensante e silente!
Há tanto, deus meu, há tempos de tempestades e bravos ventos
em que soçobraram sonhos e medos, coragens e medonhos fantasmas,
de mim e de tantos que, no tempo e no vento, se atiraram
ao embate ciclópico de si com o próprio eu, com outrem e com deus!
E hoje, deste tempo que já não mais é meu, deste deus
que já não sei de onde; deste lugar que já não conheço ou tenho...
E hoje? Que tempo de mim me dou e que dele faço ou desfaço,
senão relembrar meus solfejos e voz e violão? E... lamentar?
Há tanto, deus meu, meu tempo se vai e, com ele, meu eu se esvai
na poesia e no devaneio, na dor que em meu peito aquieta
os versos e acordes, rebeldes!
Perversos!
CLAUDIO BAHIA
Em 15/09/2007 – 21:04h