ENTRE A LÁGRIMA E O PAPEL
Quando abri meu coração num instante abreviado...
Na ventura dos que buscam nas palavras um sentido...
Percebi que há lugares que chegamos sem querer
E ficamos submersos... Simplesmente adormecidos...
Eu pensei que poderia revirar a minha alma...
E sair dessa jornada com o olhar que comecei...
Eu pensei que saberia o momento de parar
Antes que elas achegassem aos meus olhos outra vez...
No início do caminho, um papel amarelado,
Um silêncio decorado e algumas poucas linhas...
No princípio parecia não haver nada demais
Entre o lápis, o papel e um poema que nascia...
Mas, além das entrelinhas, nos avessos dos sentidos,
No porão das minhas ânsias, se esconde o não descrito!
“E o mais ínfimo instante” ganha asas nessas horas
Invadindo nossas almas sufocando os nossos gritos!
Quando abri meu coração, entregando minha alma...
Pros caminhos que as palavras desencilham do seu jeito
Cada verso que chegava e ao papel se debruçava
Transformava tudo aquilo que carrego aqui no peito!
Eu senti que lentamente meu olhar se transformava
De um modo tão sereno qual a luz da poesia...
E o papel que há pouco tempo abraçou ternas palavras
Reabriu seus longos braços a uma gota que caía...
Foi assim que entendi que a lágrima estaria
Para sempre nos caminhos que me levam a versejar
E por mais que esses versos fiquem presos no passado
Em algum momento, um dia, vão fazer alguém chorar...
Pois eu sei que existem coisas entre a lágrima e o papel
Que além das entrelinhas pelos tempos ficarão...
Mesmo que ainda sejam as palavras de outrora
As razões pra se chorar com certeza não serão...