Inesperado
Já se sente, mas não sabe.
Quando os olhares se encontram na foz de um rio sanguíneo, e o toque rasga e sangra a pele, mas a dor que emerge é apenas saudade.
Quando a vida pulsa no peito e os poros enchem-se de luz, enquanto o riso desabrocha e se exibe desnudo às ruas da cidade.
Quando a chegada muda o céu e os passos são passos de dança, e a noite, sozinha, é um véu cintilante que te cobre em lembrança.
Quando a ausência grita vontades e a mão desenha um poema; sem medo, de um aedo, um vate, que há tanto descansa suspiros no peito.
É a muda explicação que só o coração entende.
É dar, querer e gostar a troco de nada.
Quando se entra sem bater na porta,
é por que já fez morada.