Dentro de cada mineiro

Dentro de cada mineiro ecoa um grito!

Grito sufocado com lama.

De novo esta história de gritos

De um povo que perdeu quem mais ama!

É muito deja vu para o mineiro espiar quieto e calado

Dá um aperto no peito

Que parece um trem danado.

De que Vale tanto dinheiro,

Se o nosso irmão morre soterrado?

Mancha de lama nossa história

e suja as águas do nosso passado.

Como dizia Drummond,

“Quantas toneladas exportamos de ferro?

Quantas lágrimas disfarçamos em berros?”

De que Vale, né?

Será que Vale?

Num Vale de lama,

De novo, outro drama!

Vale?

Sua dívida é eterna!

Oh, maldita herança.

Mata as lembranças do matuto e condena nossas crianças.

E o mineiro se pergunta descrente e indignado:

Se viemos do barro...

Precisamos retornar soterrados?