Vestígio feliz

Dia todo de sol armado em céu azul

gritando nas costas da cigarra fumante

nenhum sinal de chuva no sertão

ainda vivo fora de meu mundo

longe da casa que nem mesmo construí

morando dentro de um sonho juvenil

não havia comando do vento de Formosa

mas suava pensamentos e rememorações

inspirava sentimentalidades quaisquer

a carne fora do chão ressequido tremia

sem vinho ou fumaças de fogueira santa

uma formiga trazia no beijo a infância quieta

sem mais intelectualismo adormeci

nas asas de um besouro verde acordei

o sol espalhava-se sobre meu corpo

algumas formigas bebiam meu coração

como se nada pudesse ser mais feliz

o vento trouxe um canto e tudo tornou-se noite.

VITAL