quem queira saber de mim
às vezes, meus olhos são verdes.
às vezes, pretos.
noutras, têm cores de mel.
nos meus olhos não uso lentes,
refletem o que eles sentem,
são como gizes
no papel.
misturam-se ao redemunho,
dançam com as folhas no vento,
chovem de infortúnios
e ardem de contento.
meus olhos são dois canais
mais vibrantes que a minha fala:
esta é de mim o que sai,
os meus olhos é o que está por trás,
são de mim aquilo que cala.
então, quem queira saber de mim,
não me faça perguntas banais:
não lhes direi nada enfim,
mentirei como quem cínico ri…
só meus olhos dirão coisas reais.