Ninho onde mora a memória

Se acaso reencontrar o ninho

Vazio, pobre, abandonado

Desfaça agora a junção

Graveto por graveto

Separa o resto que resta

Para que não haja

Lugar pra voltar

Não retorne nem em pensamento

Não retome o que deixou para trás

Ninho vazio de alimento

E suprimento para a alma

Ninho rico em ilusões

Em mentiras para prender

Artifícios para não deixar ir

Ninho rico de informações

Rápidas, urgentes

Pobres em conhecimento

Sabedoria

Ninho de cobras juntadas

Alimentadas e cultivadas

Casa do mal que habita dentro

Que fala para não ir

Desejando que vá

E espera para acorrentar ali

Ninho de ideias tóxicas

Doentias, repetitivas

Ninho onde se dá a segurança

Reconfortantes lembranças

De um ninho decorado

Preenchido com corpos e histórias

Ninho passado

Que hoje não abriga nem o vento.