Soma de voltas

Cada círculo, volta ou caminho não terminado, soma às horas de todos os 24. Parte do que há dentro e expõe fora. Põe tudo pra fora. Em vômito de sensações acumuladas. Tudo é parte de todo. Os que encaixam e os que estão tortos, questionando existência. Parte que sobra pra fora é parte que tem que ser cuidado, reparado, deixado de lado nas voltas. Muitas voltas apreensivas, desertas de certezas irrefutáveis.

São partes mutáveis, vivas. Partes que criam, inspiram, revoltam.

De coração egoísta, doado para fora do corpo. Na mão de quem pede e dar porque recebe. Esquece talvez do calor, do pulsar forte. O ato de se alimentar é engolido pela oportunidade de alimentar. O recebido é bom mas só o que é dado faz valer.

É mais que os custos de obrigações. Regras atravessadas garganta a dentro, cuspidas pra fora.

Cuspidas para cima, molhando a própria cara.

Sinais de reposições não espontâneas mas permanentes.

Como passos contados toda que vez que dados, e cobrados quando não.

Parte de um todo falsamente equilibrado.

Onde a busca ofusca o natural e tudo é entregue copiado, regravado, consertado.

Milhões de vezes volta e avança as casas até o dia da terra tapando a visão. Vezes voltadas e decoradas como se fosse primeira.

Mistura de lama com lençol branco de linho fino.

Questão de tudo que há no todo, tudo que é de todo.

Detalhes de lua, janelas e hortênsias. Palavras rimadas, arrumadas que não são ouvidas.

Mas pelo tanto que é a vida, isso também valerá um dia.