NUVENS

As nuvens que passam no céu
tão brancas como algodão,
vão correndo apressadas
levar um pouco de sombra
à terra seca do chão,
lá pras bandas do sertão.

Outras, quem sabe aonde vão?
Andam ao léu qual balão
empurradas pelo vento.
Estão aqui num momento,
e logo se afastam ligeiras,
qual zelosas mensageiras,
a cumprir algum mandado,
a cumprir uma incumbência.

Algumas têm consistência,
estão cheias dágua, pesadas,
que logo será derramada
no Nordeste tão carente,
que sente necessidade
de um pouco de umidade
pra saciar sua gente.

Nuvens passam... vão e vêm.
E olhando a imensidão
desse grande espaço aberto,
eu me quedo boquiaberto,
e sinto: não sou ninguém.