A canoa e o Remo

Um dia eu fitei

A canoa e o Remo

Pairando? Não sei...

Mas o tempo era ameno

Não vi o sol,

Não senti a brisa,

Senti que apenas que havia

Um toque arrebol:

Poesia!

Eu lembrei do menino

Da canoa sem Remo

Tão pequenino,

Mal se apoiava ao remo.

Então divaguei,

Divagando e mirei

Naquele olhar tranquilo

Onde me encontrei;

Me encontrei desarmado,

Meio pasmo,

O ar me fugiu,

O tempo parou,

As horas cansaram

E eu ali parado,

Paralisado,

Sem destino...

Ao contemplar o menino,

A canoa e o Remo

Que remaram baixinho

Sob os meus pensamentos;

Se fizeram divinos,

Profanos e primos,

Sagrados e ístmos,

Me deixando menino

Aos fitos do homem

Com olhar maduro,

Árduo e canduro

Às margens do rio...

Esse homem,

Esse menino,

Esse Remo,

Esse olhar pleno,

Com a mesma força,

A mesma delicadeza,

A mesma ternura,

Ao se despir da canoa

Sem olhar pra trás,

Sem largar o remo,

Sem se lamentar jamais.

*Dedico com amor e carinho a Remo Ferreira, após fitar um de seus olhares, o mais lindo que já vi.

Bento Verissimo
Enviado por Bento Verissimo em 18/05/2019
Código do texto: T6650738
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