VADEANTE

Donde o meu paradeiro?

No alto, na beira do rio...

Os meus olhos viajando nos horizontes

Além das águas, além dos montes...

O meu riso não é de boas vindas:

Eu rio do teu medo do rio

Que eu conheço tão bem...

O que é um rio para quem sabe do mar?

Na beira do rio sou moleque,

Na beira do mar sou mais do que um homem...

Atravessar rios é um passeio,

Folguedo de um domingo azul;

Caminho de pedras rasas, contadas, conhecidas:

Tu que é que não sabes donde elas estão...

Na beira do mar,

O meu paradeiro também é no alto,

No mais alto dos penhascos,

Bem acima das procelas,

Mas, não me reconheces na beira do mar:

Sou um velho,

Não finjo coragem de menino que conhece

As pedras do rio;

O mar é o mar, seja noite seja dia,

Atravessar o mar, ir e voltar, estar pronto para te levar

É coisa que não imaginas, por isso,

Não me reconheces

Na beira do mar...

Mas,

O mar, imenso e profundo, também dá pé,

Não importa se de noite ou de dia, não importam as procelas,

O mar dá pé.

Sozinho eu rio do mar,

Mas, se te levo pela mão vou em silêncio:

É preciso respeito por quem ainda tem medo de rio

E pode fundir-se ao mar,

Enquanto eu precisarei voltar...

O mar não tem fim, não tem fundo,

Não tem alto nem em baixo:

Andar no mar é segredo

De quem sabe voar...

Chico Steffanello
Enviado por Chico Steffanello em 23/09/2007
Código do texto: T665084
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