ESFINGE
Percebo que é tarde:
Demorei o meu olhar na profundeza dos teus...
O que vi,
O que vejo...
Vi e vejo doçura e amargura na mesma taça:
Néctar e absinto,
Encanto e vertigem,
Calor e frio,
O canto e a sereia,
Outono e primavera.
O traço fino,
Entre os teus lábios fechados,
Fecham mais que as palavras:
Calam a tua alma aos meus ouvidos,
Mas, o teu olhar, distante e insone, grita
O que não imaginas que ouço.
Devora-me!
Traduzir-te não é para hoje:
É o tempo de uma vida,
Pudesse eu tê-la encontrado
Na primeira primavera.