Letras engolidas

Entre o lápis

O papel

E o raciocínio

O caminho é longo

Entre as palavras

Gramática e concordância

Passo um grito,

Que chega no papel

Como canto.

Os versos que componho

São risos presos

Choros medonhos

Escandolosos

Doloridos.

A rima que às vezes não encontro

Palavras bonitas que desaprovo

Métrica que não aplico

Ritmo que desclassifico

Letras que engulo

E cuspo de volta no vômito,

De poesias livres e textos presos

Tirados de dentro

Inteiros do fundo

Postos para contar algo

De ruim até, talvez

Mas que de tão rebuscado

Passa a ser beleza e agrado.

É que as letras estão de mãos dadas com o lápis

E o peito com as mãos soltas do raso.

Mergulho profundo

Em palavras sensíveis e redecoradas

Que viram versos bonitos

Mesmo que sem sorriso.

O grito passa e vira canto

Em qualquer canto

Saindo de um papel riscado.

Carol Santana

#carolescrevendocoisas