Aquilo em que imersa estás

No teu sono, como no meu,

Como no dela e no dele,

Eles vão aparecer...

Vão te chamar, como me chamam,

E balançar diante de ti

Aquilo que só de ver tu tremes,

De tanto o desejar, o querer, o necessitar...

Eles fazem isso comigo,

Com ela, com ele, com aqueles outros...

Mas, se puder, não vá, não ouça, não pense, não os veja, nem acorde lá, lá não,

Por ali não, não vá...

Existe além disso, acima e abaixo, do lado esquerdo e do direito,

Por toda direção,

E a teu dispor uma nova canção,

Uma nova emoção,

Um novo filosofar, um rumo novo,

Um recomeçar,

Um adeus,

Um adeus para ti que de ti mesma é que deves de deixar...

Mas não te posso dizer tudo, porque não posso,

Mas posso garantir que tudo vai passar,

Como as eras, e as gerações, e as teorias,

E as ciências,

E as histórias,

E as lembranças,

E os esquecimentos,

E os corpos,

E as sementes,

E as frutas,

E os sonhos,

E os pesadelos,

E a agonia,

Tudo vai passar porque tudo passa,

Só uma coisa permanente,

E vc a vai encontrar...

E quando isso acontecer,

Tu também há de permanecer,

Tu, só tu, não tua roupa,

Não teu pensamento,

Não teu gostar,

Tu, apenas tu...

Então, quando acordar, acordar de verdade, feche os olhos e se eleve para além de todo o som,

De todo o medo,

De todo constrangimento,

De todo prazer de p pequeno,

E tudo o mais se ajeitará,

Com teu esforço,

Levantando tua mão,

Outra mão, forte com a Eternidade,

Na tua há de segurar,

E então verás,

De repente verás

Aquilo em que imersa estás...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 28/05/2019
Reeditado em 31/10/2019
Código do texto: T6658416
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