O CORVO E A POMBA e ESTRELAS, PAZ, TOALHA

O CORVO E A POMBA (desafio das três palavras)

Café, gaivota, divórcio

Existem frutos de um amor

Que o fruto e a flor serão internos

E no inverno ou dissabor

Trará o calor de algo eterno

Calhando a minha mente vaga

Que numa saga meditou

Fantasiou... então me traga

E me embriague em que pensou

Eu tenho as minhas frescuras

Não seja duro... só respeite

Tem que deleite café puro

Mas eu misturo, sim, com leite

Ao ver os líquidos fundindo

E deglutindo-se entre si

E o que vi, digo sorrindo

Eles se unindo pra sumir

O leite não perdeu a essência

Nem a tendência da brancura

O café puro a veemência

De ser intenso, forte, escuro

Mas quando um caiu no outro

De cada um pouco então mesclou-se

E transformou-se num só, envolto

E absorto à ideia trouxe-me

Havia um corvo, negro e vil

Nunca se viu mais ordinário

O itinerário que seguiu

Comer com brio carne precária

Em decomposição ou restos

Eu nem me presto a meditar

Mas ao afastar do ser funesto

Está, maestro, alguém voar

Era uma pomba, meiga, linda

Brandura ainda se notava

Quando voava as nuvens brindam

Beleza infinda dessa ave

Um dia os dois seres se olharam

E se amaram de relance

E nesse instante entrelaçaram

Compactuaram com o romance

E como mágica de um beijo

Em um manejo se chocaram

E eternizaram sem aleijo

Santo gracejo... e transformaram

A rubra cor negra do corvo

Não foi estorvo ou virou sombra

Nem houve pompa: "Eu te absorvo"

Disse o corvo unido a pomba

E numa só ave viraram

Se transformaram em gaivota

Ave que a rota eles mudaram

E então migraram ao mar em frota

Novos amigos, nova lida

Numa partida de outra história

Cumpriu-se em glória lá na biblia

Uma só vida são agora

Porém alguma coisa veio

Pareceu feio seu estado

Essa mudada ave no seio

Abrigou teias muito amargas

Briga acolá, não mais se falam

E se metralham com olhar

Ao ver no mar duas aves calam

E intercalam um mal amar

De tanta falta de perdão

Tiveram então ideia horrivel

Foi factivel separação

Mas não deu não. Era impossivel

Não existia mais a pomba

Nem as ribombas de suas penas

E a mesma cena viu em escombros

O corvo mórbido em problemas

Como se uniram por amor

Somente a dor da morte, sim

Poder, assim, separador

Podia no amor dar fim

Num ato louco pró-divórcio

Esse negócio a ave fez

Gaivota de vez, com mavórcio

Num choque forte se desfez

A bela ave, branca e preta

Numa sarjeta foi jogada

Dilacerada em rede elétrica

Partiu a estética alada

Uma só ave ali morria

Dava agonia de se ver

Mas quem perto do corpo ia

Com órgaos expostos no dia

Numa só ave, ali se ouvia

Dois corações ainda a bater.

Existem frutos de um amor

Que o fruto e a flor serão internos

E no inverno ou dissabor

Trará o calor de algo eterno.

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Estrelas, Paz, Toalha (desafio das três palavras)

E sse céu que corrobora

S eu fulgor que na memória

T anta vida, tanta história

R ememoro com saudade

E is a noite em que outrora

L aços de paixão simplória

A rrebataram a glória

S umindo na escuridade

Estrelas sois testemunhas

Levarás sempre essa alcunha

Pois somente tu te punhas

A ver tal atrocidade

P or um troco de vaidade

A amada o laço partiu

Z elo pelo amor sumiu

P assando por falso brio

A partou-se e então fugiu

Z ombando da realidade

Paz que outrora eu tive

Numa noite então estive

A presenciar sua perca

Não sei se o amor mais vive

Mas nessa noite inclusive

Maldade em mim ative

Por teres quebrado a cerca

T ramando contra a justiça

O lhei que voltaste a liça

A mando-me outra vez

L apso maligno atiça

H omem traído enfeitiça

A o ato sem lucidez

Enforquei-te numa falha

Envolvida na toalha

Que por dias foi mortalha

Das minhas noites sozinho

Estrelas viram a batalha

Da falta da paz que calha

Ao vir usar a toalha

Pra findar também meu caminho.

Leandro Severo da Silva e Juliana Montenegro / Deo
Enviado por Leandro Severo da Silva em 29/05/2019
Reeditado em 21/08/2019
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