Espaço mínimo (para desastrados)
Represento um momento de culpa
Até pareço a exceção nessa esfera
E o que conduz minha artéria, nem sei
Pelo que consta, essa luz só atrapalha
O distúrbio é esse Sol na cara
Sai até lasca da pele queimada
Tanto ultravioleta pra nada
Que terror
Hedonista, cansado de farra
Perde a fama ao escolher a preguiça
Ele não sabe
Mas é a bagunça que lhe dá esse status
Descobri no estralo das juntas
Um argumento pra alterar o meu rumo
Não há somente uma maneira de se explicar o medo
A destruição me evoca uma criança sozinha
Ou pode ser, por exemplo,
como o homem na rua,
que conheceu a morte
sem cair na vala
A frase corta os lábios e sai
Há um sentimento de culpa,
que não há marcapasso que cure
A diversão acaba na falta de fôlego
A tristeza aparece na falta ego
Um raio desaba e abre um rasgo
Uma só asa não reúne
De dois gumes, um pedaço foge
Fica incompleto: a coroa desaba
A frase prevista, adiada
O supra-sumo, na língua, dissolve
E a cara sorrindo lamenta
Mais um desastrado na rua
Bate ombro com o ombro
Não se entende
Abate-se
Periga-se
Por não dominar sua imagem
Num espaço mínimo de esquina