Espaço mínimo (para desastrados)

Represento um momento de culpa

Até pareço a exceção nessa esfera

E o que conduz minha artéria, nem sei

Pelo que consta, essa luz só atrapalha

O distúrbio é esse Sol na cara

Sai até lasca da pele queimada

Tanto ultravioleta pra nada

Que terror

Hedonista, cansado de farra

Perde a fama ao escolher a preguiça

Ele não sabe

Mas é a bagunça que lhe dá esse status

Descobri no estralo das juntas

Um argumento pra alterar o meu rumo

Não há somente uma maneira de se explicar o medo

A destruição me evoca uma criança sozinha

Ou pode ser, por exemplo,

como o homem na rua,

que conheceu a morte

sem cair na vala

A frase corta os lábios e sai

Há um sentimento de culpa,

que não há marcapasso que cure

A diversão acaba na falta de fôlego

A tristeza aparece na falta ego

Um raio desaba e abre um rasgo

Uma só asa não reúne

De dois gumes, um pedaço foge

Fica incompleto: a coroa desaba

A frase prevista, adiada

O supra-sumo, na língua, dissolve

E a cara sorrindo lamenta

Mais um desastrado na rua

Bate ombro com o ombro

Não se entende

Abate-se

Periga-se

Por não dominar sua imagem

Num espaço mínimo de esquina

Michell Niero
Enviado por Michell Niero em 24/09/2007
Código do texto: T666175