tédio

As palavras servem também para matar tempo,

Ócio, deslumbramento, inércia,

Servem para muito mais coisas mas,

Eu gosto delas a saírem em poemas a meio da tarde,

Fazendo voz do meu silêncio,

Dissecando o sangue maldito das incertezas e das dúvidas,

Do verbo mal parado, das tentações indecorosas,

Dos mastodontes interiores, dos fantasmas dos outros que aqui ficam,

Dos diabos prazenteiros das mentiras.

Das horas mortas da tarde, do fiozinho de luz do Sol,

Eu faço teias de verdade que me saem dos poros,

Banhando-me na existência,

Escrevendo outro provérbio substituto,

Pois nem só a morte é certa,

Há o tédio…

Constantino Mendes Alves
Enviado por Constantino Mendes Alves em 24/09/2007
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