BOM SELVAGEM
Quando acabarem-se as desculpas,
quando for o tempo da extinção,
restarão índios refugiados no espaço,
numa civilização do lado mais ao sul da lua.
E entre bananas prateadas e papagaios automáticos,
verão a terra se afogando em sua paranoias ridículas,
em epidemias de vaidades individuais e coletivas,
até que o solo seja frio e os corpos esqueléticos.
Um meteoro passará bem longe, pra não tomar parte,
desse que é o último suspiro das coisa civilizada.
E risos ancestrais, dirão àqueles que não mais ouvem
que o que era eterno como as certeza, se acaba.
Darão por satisfeitos os expatriados em órbita,
numa utopia de selva pasteurizada,
vagando num satélite com dragões e São Jorge,
pois que não há mais navegações nem invasões.
Findou-se a história, em si mesmo colapsada,
feita de mitos, homens tolos e traições.