ADEUS A CARLOS PAREDES

Calou-se a guitarra

na boca da noite.

Crepitam acordes

em mil estilhaços.

O vento impiedoso

perfila o açoite

e rangem as raivas

em loucos compassos.

Sentimos-te a alma

gravada nos ecos

que se repercutem

na nossa memória,

vibrando, espalhados

por ruas e becos,

por vales, por montes

de amargura e glória.

Sorvemos-te a música

em tom de arrepio,

tangidas as cordas

sem dedos no centro.

Com a tua ausência

choramos de frio.

Soluçam guitarras

pela noite dentro.

24 de Julho de 2004

CARLOS DOMINGOS
Enviado por CARLOS DOMINGOS em 03/11/2005
Reeditado em 16/12/2005
Código do texto: T67049