REVERÊNCIA
Me dê licença pra cantar com voz estranha,
o que está atrás da curva de todo caminho.
Não é chuva nem trovoada que assombra,
é a oração aos pés da santa, depositada.
Bateu-se a porteira atrás de mim, retumbou.
No roçado das mortes, onde assim se quis,
pediu-se o esquecimento daqueles tardios,
a mágoa antiga, partiu, tão logo chegou.
Não se faz mais da mesma forma os versos,
clamando o belo por entre a natureza torcida.
Eles escorrem por onde podem, acuados,
nos becos tristes e nas casas sem portas e janelas.
Me dê licença então para esquecer a tristeza,
de quando imortal, pensava ser meu o dia.
Agora é espanto, essas curvas da vida,
onde viro a esquina que interrompe a beleza.