REVERÊNCIA

Me dê licença pra cantar com voz estranha,

o que está atrás da curva de todo caminho.

Não é chuva nem trovoada que assombra,

é a oração aos pés da santa, depositada.

Bateu-se a porteira atrás de mim, retumbou.

No roçado das mortes, onde assim se quis,

pediu-se o esquecimento daqueles tardios,

a mágoa antiga, partiu, tão logo chegou.

Não se faz mais da mesma forma os versos,

clamando o belo por entre a natureza torcida.

Eles escorrem por onde podem, acuados,

nos becos tristes e nas casas sem portas e janelas.

Me dê licença então para esquecer a tristeza,

de quando imortal, pensava ser meu o dia.

Agora é espanto, essas curvas da vida,

onde viro a esquina que interrompe a beleza.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 04/08/2019
Código do texto: T6712308
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