CORAÇÃO DESANUVIADO

Meu coração quando fraqueja

vira grão sem dono

vira palavra sem razão.

Nessas horas perde o rumo

deriva num vão infinito

esquece a casa, o chão.

Que coração desanuviado

embebido de sombras, de medos,

esquece de nutrir sua alma

morre ao cerzir seu destino.

Mas é coração rebelde

não aceita coleira, repele o podre.

quer chutar longe cada feitor.

Então rompe a casca

expande as garras até o céu

esgarça a corda sem pedir licença

descabela o mundo todo num trovão.

Daí aquele coração minguado

de andar arredio, sorriso nublado,

vira rei, vira Deus, vira o ar

esmigalha todo lastro doentio

desencarde a voz rouca de uma vez.

É assim que me tenho agora

desnudo de farsas, de rasgos,

cicatrizado como sempre lutei

agigantado como tanto quis

abençoado como tinha que ser.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 14/08/2019
Reeditado em 14/08/2019
Código do texto: T6719811
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