Antes que a formalidade se instale


entendo que as ruas não são de ninguém. escapam. rasgam. mantém as lareiras ardendo como o brilho da manhã. sangrando a terra arrancada em segundos da memória. mas a rua não tem nome. tem número que dói. uma frescura infiltrada na tarde. lamentando os engates abandonados. o silencio que não consegui parar... gentilmente me parou, como um tumor que esmaga. íntimo. como um número que ninguém procura no cansaço da gaveta. e no fundo. no fundo. não passa de um uivo inútil traçado em um papel que lateja me pertencer como um tênue cair de folhas vindo de longe... de tudo que não fosse pai.
 
Vania Lopez
Enviado por Vania Lopez em 05/09/2019
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