10h48

Vejo a pátina do castiçal das dez e vinte e cinco

dessa manhã de zinco — que devolve o brilho

lusco-fusco de suas luzes opacas e de cinzas

múltiplos. E de lado a lado um colar perolado,

feito se o sol — ao contrário — fosse prateado.

Às dez — e quarenta cravado — o verso furta

a trajetória do poema e segue outra arquitetura

— muito distinta da qual o poeta havia pensado.

Depois de quatro minutos, surge um azul na fresta

no penúltimo quadrante da janela do quarto aberta.

Dez e quarenta e cinco. Ainda dez e quarenta e cinco.

A tortura das horas. E antes dos cinquenta eu termino