ENGENHARIA DOS VENTOS

Investigo a desimportância dos cinzas espalhados

nas redes da guia e nos cantos esquecidos da casa.

Meço a sombra avançando nos tacos e nos vasos

sobre a luz que escorrega da sua paleta de vários

amarelos. Sinto o gosto da penumbra amarronzada

desde o bege novo ao âmbar quase abóbora da sala;

imediatamente, um roxo fechadíssimo encerra a tarde

inédita e que nunca mais neste mundo será observada.

Busco os rastros dessas velocidades e da fonte infinita

de toda a criatividade de formas e soslaios que desfilam

na dor do dia a dia das rotinas roídas que nos ensinam

que o vento no prisma da nuvem, em tudo, se multiplica

ali adiante em outra avenida suspensa. Em rosa? Colorida?

Enquanto fui chuva, jamais pude saber em que lugar cairia.