Incoerência

Cerre os olhos sem perguntas

Lá fora o povo corre apressado;

E por certo, não é ele o seu eu.

Deixe que a sua e a minha carne juntas

Se reconheçam antes de mais nada,

Rodopiamos ambos nesta ciranda

Imersos nas nossas loucas paixões;

Sem ao certo nos sabermos,

Sem a certeza de que o princípio

Ou o fim nos incomoda tanto.

A coerência também tem senões

Entende e aceita carinho com afeto.

O mundo refletido dentro dessa roda

Circula no imaginário qual o começo

De felizes histórias, essas sem heróis,

Mas patéticamente encenadas por mortais.

A simples condição humana é o que ofereço

Para viver a ilusão de pessoas, simplesmente

Em dias e noites sem dono;

Abrigadas dentro de um único coração

Tão maior que o que caberia na imaginação.

Cerre os olhos e solte as rédeas do coração,

Não nos pertence o ontem nem o amanhã.

De pequenos cuidados o hoje nós mimamos

Longe dos acessos de fúria da razão

Que nos faz cruéis senhores de nós mesmos.

Não há caminho de volta, somente escolhas

Perfeito é o infinito de nós dois;

Juntos ou separados onde só cabe merecer.

A face oculta é o anjo mau, que por bem querer

Fustiga o corpo e acelera o coração querendo viver

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 30/09/2007
Código do texto: T674898
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.