Incoerência
Cerre os olhos sem perguntas
Lá fora o povo corre apressado;
E por certo, não é ele o seu eu.
Deixe que a sua e a minha carne juntas
Se reconheçam antes de mais nada,
Rodopiamos ambos nesta ciranda
Imersos nas nossas loucas paixões;
Sem ao certo nos sabermos,
Sem a certeza de que o princípio
Ou o fim nos incomoda tanto.
A coerência também tem senões
Entende e aceita carinho com afeto.
O mundo refletido dentro dessa roda
Circula no imaginário qual o começo
De felizes histórias, essas sem heróis,
Mas patéticamente encenadas por mortais.
A simples condição humana é o que ofereço
Para viver a ilusão de pessoas, simplesmente
Em dias e noites sem dono;
Abrigadas dentro de um único coração
Tão maior que o que caberia na imaginação.
Cerre os olhos e solte as rédeas do coração,
Não nos pertence o ontem nem o amanhã.
De pequenos cuidados o hoje nós mimamos
Longe dos acessos de fúria da razão
Que nos faz cruéis senhores de nós mesmos.
Não há caminho de volta, somente escolhas
Perfeito é o infinito de nós dois;
Juntos ou separados onde só cabe merecer.
A face oculta é o anjo mau, que por bem querer
Fustiga o corpo e acelera o coração querendo viver