DESCENDÊNCIA

Vai, estende tuas mãos sobre as aguas

Não jogue o teu pão cheio de mágoas,

De dor e de fome...

Tuas mãos límpidas voltarão

Ao som da tarde, silenciosa,

Onde te pousarás a rosa da vida

A rosa que se mistura à terra

E que te faz tua guarida...

Lança esses olhos sobre as águas

E as tornarás tal qual o diamante, brilhante!

E colham os feixes da tua poesia na maresia.

Lança tua boca, e colherás a mais estranhas

A mais louca semente das entranhas,

Esse sim será teu pão... Teu perdão.

E que de noite chorará tua fome

E será tua rosa, e tu lhe darás um nome

Com seu sobrenome... E tuas mãos

Límpidas se tornarão, sem pão de mágoas

Ao som da tarde silenciosa, olhando as águas.