DO CHÃO AO ABRAÇO

Caído e ferido fui capaz de ver-te.

Tuas dores maiores que a minha

Embora em pé, tu sofrias,

E eu no chão, em agonias,

Só sentia tuas dores

E pensava nas flores

Que eu poderia de dar.

Em nenhum instante

Pude pensar em mim

Ao ver-te assim...

Num 'horto' em choro

Com as lágrimas presas

Olhando pra mim.

Pensei: como eu ferido

Posso tornar menos garrido

O teu brado de dor!

Então, embora ensanguentado,

Eu fui quem deu o grito

Por que já estava escrito

Que assim seria

Para que a tua alegria

Voltasse.

E quando te vi sorrindo

Foi rápido diminuindo

A minha dor.

Levantei,

Eu te abracei,

E provei que mesmo no chão

Posso engrandecer um coração

Que precisa de mim.

Esse é o verdadeiro valor da vida,

Doar vida

Esquecendo-se da própria ferida,

Para olhar e oferecer guarida

No abraço e no perdão.

Ênio Azevedo

Luciênio Lindoso
Enviado por Luciênio Lindoso em 10/10/2019
Código do texto: T6766120
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