TEIMOSAS

Ensinei minhas mãos teimosas a pouco se verem

Às vezes encontram-se, revezam

Condecoram, aplaudem, e retomam seus lados

As minhas mãos pouco sabem uma da outra

Ainda mais quando advertem, apontam, condenam

Cumprimentam, auxiliam ou dão adeus

– Aprenderam a gesticular sozinhas

Porem mantem uma incrédula cumplicidade de energia

Ajudam-se obvia e espontaneamente para segurar uma barra

Desatar algum nó, pontilhar a viola, carregar emoções

Destravar as janelas, encontrar os rumos

Estão é verdade repletas de solidariedade

E assim convivem debulhando situações interceptadas

Pois até quando minha mente se põe em oração

Unem-se e necessitam dessa união

Mas não se leem

Independente de onde meus pés andem

As minhas mãos precisam ser lidas por minha vida cigana

Enquanto isso folheiam livros e escrevem historias