RAÍZES BEDUÍNAS PARA O CANTO GAÚCHO

RAÍZES BEDUÍNAS PARA O CANTO GAÚCHO

Livre, surgiu no deserto

tripartido por amor

à tenda, à lança, ao cavalo.

Nômade, migrou no rumo

que lhe apontava a inquietude

na sina eterna de andar.

Inconforme o sangue bérbere

o faz aportar na Europa

pra fazer história e Pátria

ao comando de Tarique.

Maraghat, margem esquerda

do grande rio solitário

berço dos avoengos

os que de lança e guitarra

traziam desertos no olhar

sob tormentos de cascos.

Os estandartes do Islã

conquistam o Velho Mundo

fazendo casa e quintal

nos altíplanos da Ibéria.

Por quase oitocentos anos

beduínos ensinamentos

modificaram a paisagem,

artes, costumes, crenças.

Surge a Espanha sarracena,

fulguram raios de Allambra,

lendas, miragens, visões,

lindas moiras encantadas

cantam os cantos dolentes

dos poetas de Sevilha.

No silêncio das montanhas,

fixada a alma errante,

vai dar vazão aos encantos

das velhas canções mouriscas

na plagência das guitarras.

O tempo o vai esculpindo

sem olvidar velhas crenças

e um guerreiro libertário

vai-se forjando “al despacio”

no contraponto dos dias.

Por instinto e disnatia

cruzou as distintas raças

que foi montando a lo largo.

Mais tarde, Mendonza trouxe

pra pampa sul-ameríndia,

da cruza moura-andaluz,

os potros que alaram homens

que honraram a cor do lenço

e amaram belas mulheres

no intermédio das guerras.

Entre Astorga y El Teleno

Leão, província espanhola

se aquerenciaram aos poucos.

Bombachas largas, vistosas,

jalecos, faixas bordadas,

botas altas e sombreros,

chasqueiros por profissão.

Arrieiros vagos, no entanto

migram por campos e mares

rumo ao sul americano.

Uruguay – la pátria nueva

del señor de lo desierto.

Alli, el gaúcho maragato

aparició en San José,

fita roja en el sombrero

con divisas de muy lejos

“por mi pátria”, “por mi amor”,

“Todo por la libertad”

debajo de un cielo azul

con los sueños por delante.

Argentina, pampa larga,

Também recebe “el moruno”,

cavalgando a “la jineta”

um flete, olhos de águia

força de ventos e rios.

La tierra Sul ameríndia

templó aun más su carácter

payador y guitarrero

fuerza y aliento de gigante

corazon y alma de ñandubay.

93, clarinadas

cavalarias em carga

espadas em mãos de ferro

lendárias “divisas rojas”

nas hostes de Gumercindo

invadem a pampa gaúcha

de à cavalo entram na história

viram lendas, causos, mitos,

la gente noble y valiente

rio grandense e maragata.

Nos tempos claros de paz

andejos cruzam os campos

dois idiomas para ‘el gaúcho’

três bandeiras, um só canto.

Habitam cifras, milongas

no bojo das andaluzas

que sonorizam a pampa

como a quebrar o encanto

da moura da Salamanca

que se escondeu no Jarau.

moises silveira de menezes
Enviado por moises silveira de menezes em 07/11/2005
Código do texto: T68309