IMPRÓPRIO

Demétrio Sena, Magé - RJ.

O calar do meu corpo sufoca o calor

e parece um colar apertando a garganta;

uma cola na dor da santa inquisição

sobre minhas vontades escravas do sangue...

No calor de quentar os meus sonhos carnais

feito mãos no mormaço do fogão a lenha,

cresce o calo no colo desta solidão

prenha duma esperança que não vem à luz...

Há um nódulo ardente na minha virilha;

é a Ilha de Patmos do meu desejo

que não pode ceder ao ensejo da chama...

Meu calar me derrete no calor do colo

e promete ao colar um pescoço mais dócil,

pra que o dolo da carne seja culpa inerte...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 27/01/2020
Código do texto: T6851810
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