A FRUTA

A jabuticaba
dançando com a língua
um nunca que acaba
desejo que míngua

A voz fere o vento
cantando aos beijos
o passar do tempo
despeja o desejo

No vento estribilho
de quatro pardais
quatro são os brilhos
pontos cardeais.

Nasci duas vezes
a leste, a oeste
ao norte revezes
num sul que me veste

Me veste de gente
mas de vida nua
a fruta desmente
seca, a terra crua.

Bem pouco me esforço
com o totem que entorta
cuspido o caroço
a árvore brota.