A LÁGRIMA LOUCA

Uma lágrima parou

no meio do caminho,

vacilou

e achou seu cantinho.

Secou

num xale de linho

evaneceu e morreu.

Outra, mais inquieta,

escorregou pela seta

e quedou-se entre meus seios,

dormitando no entremeio

de um vale entre dois montes,

aguardando a tua fonte

A fonte

que nasce em tua boca

e sorve a lágrima louca,

que mistura-se a outras águas,

águas de antigas mágoas,

águas de nova onda,

onde te espero na ronda

de nunca visto prazer,

bocas a percorrer

chão de textura sinuosa

em doce umidade gostosa.

E só tu vais saber

que, afinal,

a medida final

da explosão do prazer,

são dois dedinhos dos teus

na mira de três dedos meus.

Vou medir a tua alma

nas linhas da tua palma.

E, sem mais lero- lero,

paremos de dizer,

aqui...

em um beijo de bolero,

onde a dança do desejo

toma a forma do tua boca.

Viajo-me em em teu beijo

e, sorvo em ti ...

a minha lágrima louca!