É SONHO

É sonho...

Tudo isso que eu sonhei e não explico, um faz de conta do destino.

Uma visão um tanto quanto poética, despretensiosa, sem contornos

de uma obra sobre humana, é sonho, muito mais do que isso, mas

simples como um gesto de uma criança.Lágrimas em forma de ruidosa sinfonia, notas dissonantes, mas harmônicas, gritos que transformam

as manhãs em alvoroço de esperança, filosofias nascidas na queda

de uma gota de chuva, onde uma gota é sinfonia. É sonho, como a vida

que passa por meus olhos sem a necessidade de aprovação, essa vida em acordo com a poesia, laços que se entrelaçam num elo de alquimia,

síntese de um futuro além das almas, além dos espíritos, além da morte.

É sonho, abraço de corpos separados, de palavras não pronunciadas, de

um ódio do ódio há muito fossilizado, enterrado, sem memória e sem presença. Alegria incontida, incutida, como ar solto nos pulmões de

cada viajante, é o que somos, passantes, esses seres inconformados

com a dúvida da morte e com o medo do limite inexistente. É sonho,

essa escrita mal explicada em páginas soltas pelo vento, como heresia

de um valor quebrado pelo tempo, falecido dogma da sorte, uma subversão da hipocrisia. Tudo isso num sonho profundo de toda uma existência emoldurada em tom de poema, um poema sem versos rimados e sem a lógica da razão que nos domina, uma explosão fictícia de tudo que pensamos ser o certo. O certo apesar e por causa dos erros que ainda permitimos e que ainda repudiamos, dos erros que acima de tudo, precisamos.É sonho, mas é verdadeira a vontade, o desejo...É sonho, tudo isso que sonhei e escrevi sem pensar em mostrar o que senti.