Tragédia Urbana

Tragédia Urbana

Alexandre Santos*

“Uma esmola por amor de Deus”

De não em não, o jovem velho ruiu,

Sem honra, sem autoestima,

Perambulando de esquina em esquina,

Um trapo que ninguém viu.

“Deus lhe pague”,

repete a oração,

como se fora um padre,

a distribuir perdão.

Mão estendida,

corpo ao desabrigo,

sorriso apagado,

alma ferida.

A fome desviou o rumo,

Só pedra, álcool e fumo,

O desamor secou o pulmão,

A vida secou o coração.

(*) Alexandre Santos é presidente do Clube de Engenharia de Pernambuco, ex presidente da União Brasileira de Escritores (UBE) e coordenador nacional da Câmara Brasileira de Desenvolvimento Cultural